Para especialistas, em meio a um ambiente de juros mais altos, risco fiscal e falta de previsibilidade da agenda do governo previstos para o primeiro trimestre estão comprometidos
Do portal @diarioam.com
Brasília – A sinalização de que a Selic, a taxa básica de juros da economia, vai chegar logo aos temidos dois dígitos (alguns bancos já preveem uma taxa de 12./. no começo do próximo ano) agravou o cenário já ruim para as ofertas de ações, e tem potencial para colocar fim a um ciclo historicamente inédito de entrada de novas empresas na Bolsa de Valores. Para especialistas, em meio a um ambiente de juros mais altos, risco fiscal e falta de previsibilidade da agenda do governo, os IPOs (ofertas iniciais de ações, na sigla em inglês) previstos para o primeiro trimestre estão comprometidos.

Os investidores já estão ‘ariscos’ há alguns meses. Do estágio de inicialmente assustados com os ânimos acirrados entre o presidente Jair Bolsonaro e o Judiciário, passaram a definitivamente chocados com o anúncio do furo no teto de gastos, a regra que limita o crescimento das despesas públicas. Cerca de 70 IPOs já foram cancelados este ano – dos quais R$ 7 bilhões somente na semana em que ficou claro que haveria o furo no teto.
Na semana passada, após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em que a Selic subiu para 7,75./., as chances de manutenção de um juro de um dígito foram por água abaixo. BNP Paribas, Asa Investments e Opportunity, por exemplo, elevaram suas previsões e veem a taxa básica a 12./. no ano que vem. O banco Mizuho já fala em 12,75./., em 2022.