Nem o avanço da ciência deixa de lado costumes que passam de geração em geração na hora de pedir proteção e renovação espiritual
Quebranto, mal-olhado, nervos torcidos, proteção, abertura de caminhos, renovação espiritual e realização de desejos, são os principais motivos que levam os manauaras ainda recorrerem à tradição milenar do “benzimento”.
Segundo o rezador e terapeuta transpessoal amazonense, Dan Holanda, a arte de benzer ainda segue viva em Manaus, tendo que realizar diversos atendimento por dia em sua clínica.

“A arte de benzer está presente na vida do amazonense, e mesmo que você nunca tenha passado por essa experiência, não é difícil conhecer alguém que já recebeu um benzimento. Quem nunca passou por uma rezadeira? Quem não tem uma lembrança daquela senhora benzedeira com um ramo e um copo d’água na mão, balbuciando algumas palavras e aliviando um incomodo?”, comentou Holanda.
Para a amazonense, Márcia Regina, adepta ao benzimento, já é tradição todos os anos realizar pelo menos uma sessão para renovar suas energias.
“Fui apresentada por minha comadre que já conhecia, era adepta de seu uso e me contava maravilhada sobre seus benefícios. Foi realizado presencialmente, na época ainda não estávamos em pandemia. E foi a melhor experiência possível. Pude identificar e transformar programas subconscientes que condicionam nossas vidas, tais como medos, sentimentos, pensamentos e comportamentos que em geral podem afetar de forma restritiva nosso desenvolvimento”, comentou Marcia.
Benzimento à distância
O terapeuta ressalta que o número de procura aumentou ainda mais durante a pandemia. Somado ao benzimento, as pessoas também procuraram por outras terapias que tem como principal objetivo o equilíbrio da energia espiritual.
“Ao contrario do que se pensa, é perfeitamente possível e usual fazer benzimentos à distancia. Durante o auge da pandemia, e ainda hoje, eu atendia inúmeros casos de benzimentos por dia. Essas pessoas normalmente buscam no benzimento um apoio energético/espiritual para melhorar o seu estado de saúde física, psíquica, energetica e/ou emocional”, relata o terapeuta.
Uma curiosidade que Dan Holanda destaca nesse período é a alta procura por benzimento em crianças e animais.
“Crianças e animais são os que mais procuram – pelo fato de que crianças e animais são energeticamente mais sensíveis e acabam precisando de mais cuidados energéticos”, destaca Holanda.
O “chamado” para o benzimento
Dan Holanda conta que o chamado para técnica de benzer vem da infância, ao ser levado por sua mãe à casa de uma benzedeira chamada Dona Lourdes.
“Eu tenho contato com o benzimento desde muito pequeno, quando minha mãe me levava a casa de Dona Lourdes para benzer contra o “quebranto”. Foram muitas vezes e eu, mesmo muito pequeno, sempre adorava tudo aquilo. O chamado veio e hoje eu levo essa prática adiante, benzendo e ensinando a benzer”, relembra Holanda.
Formação de benzedores
O terapeuta, que também é professor, leciona aulas que ensinam o benzimento e outras técnicas de terapia transpessoal para quem estiver interessado. Segundo Holanda, mais de 40 rezados foram formados Brasil afora.
“Eu percebo o benzimento como uma tradição viva que somente foi atualizada, deixando de lado algumas credices a medida que os rezadores e benzedeiras vão estudando e entendendo o funcionamento da prática de benzer. A principal crença que vem sendo desconstruída, a medida que vamos esclarecendo o que realmente é ato de benzer, é a de que para benzer é necessário ter um dom espiritual especial. Isso é bobagem! Todos podem aprender a benzer”, afirmou o terapeuta.
Do portal @acrítica.com
