Tempos imemoriais
Sagrada terra
Mito da Floresta
A história é bela
A primeira nativa
No solo Mawé
Em um tempo primordial
Foi uma mulher
Onhiamuaçabê
Valente guerreira
Conhecedora das plantas
Sacaca feiticeira
Tinha dois irmãos
Não vivia só
Era Ikuamã
E Okuamató
Eram três guardiões
E mais ninguém
Da floresta encantada
O Nusoken
Oniwaçabê deu origem
Ao Povo Sateré-Mawé
E a Uaciri-Pot
Primeiro Tuiçá pajé
Naquele lugar sagrado
Tudo era envolvente
Até bichos e plantas
Dizem que eram gente
Onhiamuaçabê não tinha marido
E pelos animais era cobiçada
Mas Ikuamã e Okuamató
Não queriam a deusa casada
Inebriada por um cheiro suave
Uma cobra encantada tocou sua perna
Na espreita do seu caminho
Engravidando a índia bela
Enciumados os seus irmãos
Não quiseram ela perdoar
Achando que foram traídos
Expulsaram a irmã do lugar
Meses depois nasceu
O primogênito querido
Era Anumarei’t
Menino forte e bonito
Com o tempo sua mãe
Contou-lhe que tinha plantado
Para ele uma castanheira
Lá no sitio encantado
Quis provar das castanhas
Mas foi morto por quatro guardas
Macaco da boca roxa
Periquito, cutia e arara
Desesperada Onhiamuaçabê
Com o coração partido
Arrancou e logo plantou
O olho esquerdo do filho
Um cipó ruim brotou
Foi o guaranarana
Não era o que a índia
Esperava de tupana
Ao plantar o olho direito
Um lindo arbusto viu brotar
Surge o Waraná Cecé
O verdadeiro guaraná.
Autor: Maik Cavalcante – Maués/AM.
Anumarei’t Guaraná, o indígena eternizado na Floresta
